domingo, outubro 24

O vento e os moinhos de D. Quixote

Porque se me enevoa o pensamento com os músicos, as madames caridosas e os milionários que "acodem" aos pretinhos desde o Haiti à África. Porque sobremodo me irritam os caros, e provadamente ineficazes, moinhos de vento que poluem a paisagem. Porque suporto com dificuldade as tolices dos chamados defensores verdes da Natureza e semelhantes. Por tudo isso e mais é com satisfação que traduzo parte do editorial do semanário holandês Elsevier do passado dia 2, sobre o novo e supremamente ecológico navio que Greenpeace mandou construir pela bela soma de 50 milhões de dólares:

"[…] O navio, segundo a reportagem do (jornal) de Volkskrant, dispõe de velas para uma propulsão não poluidora. 'Queríamos desta vez, para servir de exemplo, um verdadeiro navio à vela', afirma Joris Thijssen, director da campanha de Greenpeace. Belo exemplo, mas não tanto como isso. O veleiro acha-se equipado de motores eléctricos de modo a dar uma ajudinha ao vento. Parece uma solução limpa, mas esses motores eléctricos, por sua vez, são accionados por um 'sujo' motor diesel, o qual, aliás também pode accionar directamente a hélice. O que de certeza acontecerá com frequência. E agora a surpresa. Porque é que Greenpeace não equipou o navio com moinhos de vento? 'Também pensámos em moinhos de vento para accionar os motores eléctricos – afirma Mark Leslie-Miller, o designer do navio – mas isso não forneceria energia suficiente'. Ora se mesmo Greenpeace considera os moinhos de vento como solução impraticável para o seu 'navio exemplar', talvez seja a altura do governo deixar de gastar milhares de milhões com os parques eólicos."

Ámen