quarta-feira, abril 23

Boson e batatas

O céu finalmente desanuviou. Sento-me ao sol, a ler um artigo que me dá a medida do muito que ignoro e do muito que gostaria de aprender. Mas para mim a fase da escola já passou, o que me resta é a admiração pelo saber alheio.
No artigo fala-se do boson de Higgs; das esperanças que levanta o Large Hadron Collider; do Atlas, o detector de partículas que, com os seus quarenta e seis metros de comprido e vinte e cinco de altura, está ligado a cabos e fios de comprimento suficiente para dar quase sete vezes a volta ao planeta. Fala-se de partículas e massa, da incógnita do que terá havido antes do Big Bang, do mistério em que o Universo se tornou, do Higgs field….

Estou, pois, a ler estas coisas, em demasia esotéricas para quem sabe pouco, quando o Alípio, meu vizinho, pára, acende o cigarro, e me traz de volta ao mundo a que pertenço:
- A merda da chuva foi demais! Estragou-me as batatas. Vou ter de semeá-las outra vez .