quinta-feira, janeiro 25

Heróis

Nunca soube mandar, nem nasci com carácter para obedecer, mas houve um tempo em que tive heróis - ou devo dizer ídolos? Homens que aos meus olhos, pela sua inteligência e arte, a firmeza das convicções, se colocavam tão acima do comum que eu me sentia privilegiado de poder admirá-los.
Talvez porque morreram num momento em que a minha admiração era inabalável, a imagem dalguns deles permanece quase intocada. As estátuas que me fiz dos outros, expostas à passagem do tempo e à mudança do meu ver, foram aos poucos minguando em tamanho.
Hoje em dia ainda me vêm acessos de admiração, ainda me maravilho, mas sem ter quem me mostre o caminho, ou me conforte com a esperança de certezas, a jornada perdeu o mistério de antigamente. Também já não corro, ansioso por descobrir. Vou sozinho e a passo, com o sentimento de que os dias se repetem numa infinda monotonia.